“Se houve jamais um tempo em que cada casa devia de ser uma casa de oração, é justamente agora. Por toda a parte vemos incredulidade e ceticismo. A corrupção se apodera das almas, e a rebelião contra Deus se declara na vida de muitos. Escravizados pelo pecado, as suas virtudes morais são dominadas pelo diabo. A alma se torna o joguete de suas tentações; e a menos que um braço forte se lhes estenda e os salve, eles serão arrastados pelo diabo.
E não obstante esse tempo tão cheio de perigos, muitos que professam ser cristãos negligenciam o culto da família. Não honram ao Senhor nos seus lares, não ensinam os seus filhos a amar e a temer a Deus. Muitos se acham de tal modo afastados dEle, que eles receiam aproximar-se de Deus. Não estão no caso de “chegar com confiança ao trono da graça,” “levantando mãos santas, sem ira nem contenda.” Hebr. 4:16, 1 Timóteo 2:8. Eles não entretém comunhão viva com Deus. A sua piedade é aparente, destituída de virtude.
A idéa de que a oração não é coisa essencial, é o engano mais eficaz do diabo para arruinar a alma. A oração é a comunhão com Deus, a fonte da sabedoria, da virtude, da paz e da felicidade. Jesus orava ao Pai “com grande clamor e lágrimas.” Paulo exorta os crentes a orarem “sem intermissão,” dando graças em tudo. “Orai uns pelos outros,” disse Thiago. “A oração eficaz do justo pode muito.” Hebr. 5:7, 1 Tess. 5:17, Tiago 5:16.
Pela oração sincera e fervorosa os pais deviam construir uma sebe em redor de seus filhos. Deviam orar a Deus com fé para que habite neles e pelos seus anjos que os guarde do poder destrutivo de Satanás.
Em cada família devia haver uma hora determinada para o culto da manhã e da tarde. Antes de quebrar o jejum os pais deviam reunir em torno de si os filhos e agradecer ao Pai celestial a proteção dispensada durante a noite, suplicando-Lhe novo auxílio e direção para aquele dia. Quão apropriado seria também, ao cair da tarde, reunirem-se eles novamente diante d’Ele para louvá-l0 e agradecer-Lhe as bênçãos recebidas durante mais um dia.
O culto devia ser dirigido pelo pai ou, em sua ausência, pela mãe, escolhendo-se para esse fim uma porção das Escrituras que seja interessante e fácil de compreender-se. A leitura devia ser curta. A leitura demorada e a oração longa tornam o culto cansativo. Deus é desonrado quando essa hora é privada de seus atrativos, tornando-se ela uma ocasião de tédio e enfado, de sorte a inspirar horror aos filhos.
Pais e mães deviam empenhar-se em tornar a hora do culto altamente interessante. Não há razão para que essa hora não deva ser a mais alegre e interessante do dia. De tempo em tempo deve variar-se a forma, fazendo-se perguntas e observações adequadas sobre a passagem que se leu. Pode-se também cantar um hino. A prece oferecida devia ser breve e sem rodeios. Se as circunstâncias o permitirem, dê-se oportunidade aos filhos de participarem da leitura e da oração.
Só a eternidade é que há de revelar o bem realizado por meio de tais cultos.”
Texto de Ellen White extraído dos “Testemunhos”, publicado na RA de Janeiro/1908.