Por André Flores
Nos Dez Mandamentos, encontramos um que diz: “Não matarás” (Ex 20:13). É certo que a expressão negativa enfática de não matar se refere às mais variadas formas que levam à morte. Dentre elas, lembramos do assassinato, da eutanásia e do aborto. O suicídio também é considerado como a quebra desse mandamento, tendo em vista que significa autodestruição, ou negação da própria vida. O termo se origina do latim sui, que quer dizer a si mesmo, e caedere que significa cortar, matar.
No mundo cristão, é fácil notar como são tratados aqueles que cometem suicídio. Na maioria das vezes, os suicidas são tidos como excluídos da oportunidade de salvação e, por essa razão, os familiares tentam ocultar a real causa da morte. Devido o constrangimento, a família tende a alegar que o indivíduo morreu de infarto do miocárdio, acidente, derrame cerebral e outros. Na Idade Média, a Igreja Católica Romana condenou o suicídio e os suicidas. Aqueles que morriam dessa forma não eram enterrados, seus corpos ficavam ao ar livre para serem devorados pelas feras e aves de rapina.1
O teólogo Hans Ulrich Reifler, no seu livro A Ética dos Dez Mandamentos, corrobora essa idéia, dizendo que “todos os teólogos de todas as épocas e todas as tradições cristãs condenam o suicídio” (grifo nosso). Para ele, quer seja por desespero ou descontrole emocional-mental, a pessoa peca por não crer na intervenção divina.2
Seria certo rotularmos todos aqueles que cometeram o suicídio como alienados da salvação, sendo julgados como achados em falta na balança divina? Analisaremos uma possível resposta a essa pergunta considerando: (1) que fatores podem levar uma pessoa a cometer tal ato; (2) a relação entre depressão e suicídio; (3) um breve panorama bíblico.